Retalhos
RETALHOS
Foi assim, construida de sobras,
Fragmentos de coisas muito usadas,
Bem vividas, costuradas,
Sem muita planificação,
Na dependência dos fatos,
Ao acaso das ciscunstâncias.
Azul, vermelho, amarelo, até branco,
Confrontos de cores do meu passado,
Retalhos negros, supostas tristezas,
Alguns sem cores, falando de tristezas,
Mas também de todas as cores,
Entremeando felicidades.
Sempre assim, de confrontos,
Alegre no conjunto,
Sofrida nos detalhes,
Foi feita para ser mirada de longe,
De particularidades só minhas,
Olhadas sem muitas considerações.
Momentos sublimes, doces deleites,
Substituidas depois por tristezas,
Pedaços velhos de panos costurados,
Não servem para quem tem pele fina,
Por nunca terem sofrido amarguras,
Sensíves à coisas remendadas.
Fragmentadas, sem uso, jogadas,
Num canto, escondidas, amarrotadas,
Numa colcha de retalhos que foi vida,
De cores, encantos, deleites enfim,
E hoje não inspira aspirações bonitas.
Modificadas pelas incertezas que vivi.
Fazem parte entretanto do conjunto,
Para ser franco, não me desagrada,
É meu, mesmo sem uso, encostada,
Pois quero dela costurar no futuro,
Quem sabe das sobras,
Tristezas que só eu agasalhei.
Jairo Valio - jvalio@hotmail.com