Écloga do Encontro

I

Caminhei pela estrada do deserto.

Os meus olhos fixaram-se nos teus.

Sei que de mim estavas perto, bem perto,

Como a nossa alma está junto de Deus!

E, enfrentei a augúria do mar do escárnio,

Para buscar-te enleia a culpas e sofrimento;

Braços perdidos arrastavam-te ao martírio,

Quando do resgate em que cai do firmamento.

Entre nuvens o céu estava aberto...

Minha queda foi calma e duradoura;

Deus então contigo foi imediato! Decerto

Deu para ti outra possibilidade vindoura!

Mas que provação e expiação em demasia,

De novo me vi perdido e separado de ti,

Mais um instante de jorna e agonia,

Em que, isolado, chorei e sobrevivi.

Porém, um astro pairou sobre meu espírito,

Era uma luz forte que conversou comigo,

Disse-me que iria viver outro conflito,

Para poder estar eternamente contigo.

E aquela etérea aparição! Anjo dolente!

Fez-me sentir o que nunca ninguém sentiu,

Compreender que não se pode ser descrente,

Ou ignorar a aurora do fim em que se partiu.

E, foi pela noite lenta, olhando para Lua,

Que a vi, novamente, em vertigem divinal,

Banhava-te no mar, mas eras tão alva e nua,

Que confundi a origem de toda a luz astral.

Tombei-me de joelhos, inundado em pranto,

Os meus olhos sorriam tanto, tanto...

Como o teu sorriso me disseste: - “Vem!”.

E fui. O momento era mágico, um encanto...

Tinhas olhar tão meigo! Bem conhecem

Os que amaram, a dor de quem amando,

Vê os vultos de amor que lhe aparecem,

Sob o clarão do luar sereno e brando...

Tive outra vez no peito o refulgor moço,

Aquele que torna os olhares brilhantes,

E toda a amplidão do relento exposto

Às festividades do encontro de amantes.