26 de maio
duas negras retintas
cabelo pixaim arrumado
lábios grossos, nariz achatado
sorriso encabulado
como os de suas avós
os dois pés lá na Áfrika
desciam a ladeira garbosas
pernas voluptuosas
elas que eram, se via,
de elevada estatura
se observava a cintura
que o vestido justo marcava
no trecho daquela ladeira
marcado por algumas pedras
as nádegas iam balançando
as ancas nos provocando
duas éguas descendo
no sonho vou me envolvendo
as duas tenho ao meu lado
e aqueles braços de veludo
me envolvem pelo pescoço
me falam o que não ouço
uma na frente, outra atrás
os bicos dos peitos me espetam
as costas, e aparo em meu peito
os peitos pontudos da outra
de pelos encaracolados
que acolhem meu pau já inchado
enquanto uns pentelhos espessos
me roçam a bunda com encanto
e eu que não resisto a tanto
libero o momento supremo
o orgasmo com as duas rainhas
depois já de novo arrumadas
elas sobem as escadas
que lhes conduzem ao Senado
e assumem as suas cadeiras
e vão dizer as besteiras
no entender dos asseclas
dos que governam o povo:
clamam por nossos direitos
direitos de cidadania
abaixo a carestia
e a enxurrada de impostos
corrupção, falcatruas
controlem as nossas fronteiras
sento na minha cadeira
diante da televisão
e bato palmas pra elas
as palmas do meu coração
Maricá, 23/05/2008