DOIS AMORES

I

Era uma vez, num reino distante,

Uma princesa apaixonada

Que nunca se cansava de mirar

Com seus olhos, muito verdes,

Líquidos em lágrimas

No espelho dos lagos da vida

Em léguas de saudades,

Procurando esperançosa

Um presságio refletido

No dorso das águas

Quem sabe a imagem

Do seu príncipe encantado...

E os dias se passavam

E as águas nunca respondiam

E apenas tremeluziam

Os seus cachos dourados

Em imagens dançantes

Fugidias em mistérios...

E o lago lhe dizia em silêncio

Que a vida passa

Mas a esperança sempre fica

Represada em nossa alma

Feito um tesouro escondido

Que precisa ser achado...

II

Era uma vez, num reino distante,

Por detrás da esquina do tempo

Um príncipe solitário

Que vivia tão sozinho

Que sentia o peso de cada minuto

Batendo feito monjolo lento

Moendo as horas e esfarinhando a espera...

Seus olhos escuros

Tão escuros como a noite

Sondavam as estrelas e os luares

Em busca de um sinal

Cadente riscando o céu...

Quem sabe um olhar de princesa

Quem sabe uma promessa

De encontro de amor

Traçado nas estrelas...

E o tempo escapava por entre os dedos

Feito areias escoando lentas

E vinham noites após noites

Todas elas iguais e caladas...

III

Em algum lugar distante

Duas solidões se buscavam...

E o tempo engoliu tudo

E sobrou apenas um desejo

Oculto em cada peito

Um sonho, duas quimeras,

Uma espreita, duas esperas,

Algumas flores, um jardim,

Um lago de estrelas

E o silêncio de uma noite sem fim...

(José de Castro)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 22/05/2008
Código do texto: T1000408
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