ESTOU SEM VÉUS, TE ESPERANDO...

Teu rosto se apresenta de mil formas,

cores e tons; expressões diferentes...

Tu te fazes mistério... Tu te mostas e te escondes!

As vezes pareces triste, outras vezes sorridente...

Eu me apresento a ti tal qual sou:

raio de luar em uma noite escura

embrenhando-me na luz por entre as nuvens,

sem qualquer disfarce,

correndo riscos e arriscando tudo...

E eu não mudo...

Tu queres ser a Esfinge:

“Decifra-me ou devoro-te”?...

Não sou pitonisa

nem creio nos oráculos:

amo a simplicidade....

E a verdade,

nua... e para sempre sou lua!...

( - Tua?... Não sei...)

Noturna... mas sou também diurna:

Gosto de ver o Astro-Rei nascer...

Encantam-me as madrugadas

Da mesma forma que o Anoitecer...

Quem é o "mistério"? Aquele que se esconde?

Ou é mais misteriosa quem quer aparecer

com rosto lavado e sorriso arteiro,

Mulher meio criança, que não quer crescer?...

Creio

que o amor só pode acontecer

se for atemporal...

Se for inteiro,

possibilidade...

Matéria limita. Faz prisão

onde se deseja a liberdade...

Compromisso é pura ilusão,

pois fidelidade é opção

e só tem valor se é desejada...

Somos alados... qual Pégasus

cortamos o espaço e as distâncias!

Entretanto, como Prometeu,

estamos sutilmente amarrados

tendo o corpo mutilado por abutres...

Rompe o laço, corta a corda

no presente atemporal

Feito de sonho e promessa.

E vem para meus abraços...

Sou a taça de cristal

com o nectar dos deuses...

E a ambrosia me encharca

qual alimento sagrado

e faz parte do meu ser...

Sorve! Bebe! Embriaga-te!...

Depois... como mulher celta

Voltarei aos meus domínios

carregando no meu ventre

meu amor feito de espinhos...

Em cada ponto ferido

o sangue transubstancia-se...

Não mais sangue, são gotículas

do nectar doce dos deuses...

São a essência da ternura

são o êxtase do Amor

São a lembrança tão pura

Que, lembrada, afasta a dor...

Desvenda-me tu!...

Sou a semente no fruto,

Sou a terra preparada

aguardando o agricultor...

Se não for constrangedor

e aos “respeitos humanos”

Que te tornam perdedor,

Não quiseres sucumbir:

- Vem, pois estou sem véus te esperando...

E planta a semente do Amor!...

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