Caso do meu acaso

O amor nunca é acaso.

É encantamento desenfreado e inesperado que ninguém sabe reconhecer.

É o instante breve que se eterniza por puro prazer. E se perfaz só por querer.

Não é previsão nem espera, mas pode esperar sem cansar.

É o avesso de todas as angústias que se sente, prisão da saudade e solidão ausente.

E por tudo, é sempre desigual.

Não cultua ele as preces exatas, nem mistifica o irreal.

É assim, mistura de cores e sabores banais, de gestos insones e palavras iguais que mudam de forma a cada entardecer.

Nunca é acaso, caso o acaso insista em querer.

Amor é a forma mais simples de comunhão, o segredo explícito dos olhos que não sabem ler.

É confuso, tardio e insiste em ficar.

Ie
Enviado por Ie em 22/05/2008
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