Caso do meu acaso
O amor nunca é acaso.
É encantamento desenfreado e inesperado que ninguém sabe reconhecer.
É o instante breve que se eterniza por puro prazer. E se perfaz só por querer.
Não é previsão nem espera, mas pode esperar sem cansar.
É o avesso de todas as angústias que se sente, prisão da saudade e solidão ausente.
E por tudo, é sempre desigual.
Não cultua ele as preces exatas, nem mistifica o irreal.
É assim, mistura de cores e sabores banais, de gestos insones e palavras iguais que mudam de forma a cada entardecer.
Nunca é acaso, caso o acaso insista em querer.
Amor é a forma mais simples de comunhão, o segredo explícito dos olhos que não sabem ler.
É confuso, tardio e insiste em ficar.