O ACASO FAZ ESTRANHOS ARREMATES



 
Escrevi ontem à noite um comentário para a poesia de Tera Sá, que ela tão atenta, transcreveu na sua página há pouco. Agora eu aqui transcrevo o poema QUANTO PESA UMA LÁGRIMA  e em seguida as minhas palavras. Assim iniciou-se este acaso que culminou com uma homenagem ao meu marido, cuja ausência completa hoje um ano.


Tantas lágrimas já rolaram
Na aridez do meu rosto!
Já lhes conheço o gosto,
O curso que navegaram!

Já lhes sei a temperatura,
O espectro de cristal,
O tempero de fel e sal,
A humidade e a agrura.

Mas o peso... não sabia!
Eram todas águas correntes
Que me filtravam as dores!

Do peso soube os valores
Quando no pranto pungente
Naufraguei minh'alma um dia!
                                          (Tera)

Náufraga das lágrimas,
debato-me neste mar profuso,
ele entretanto, nunca me sufocará,
pois ao debater-me em ondas revoltas
um novo corpo se erguerá
e os olhos já serenados
refletirão a alma lavada...
                                        (Tania)


E   assim nossos versos se entrelaçaram, unidas em lágrimas e em poesia...


O vento passou, a neve
os temporais, tantas penas

Esse moço foi futuro
Num tempo de ilusão,
Foi pretérito na passagem
Pela vida em contramão,
Hoje é passado guardado
Nos baús do coração...

cadê meu moço, onde foi?
De que céu agora me acenas?

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E tão profunda é a tua visão das coisas, você vai lá nos limites dos confins da alma e faz um laço como arremate. E hoje, quando faz um ano que meu moço se foi, eu recebi estes versos que me fizeram chorar...,mas  este mar de lágrimas que lava os caminhos do mundo carregando  o sangue e os resquícios das batalhas, é sempre bem- vindo. Beijos! (Tania)



Achei tão ternurentas as suas trovas, que fui levada a rematá-las com lacinho de saudade, sim... Não temos todas baús guardados, a precisar de lacinhos!? Obrigada, eu, pelo carinho que lhe sinto. E, olhe, ainda há o presente, e enquanto houver presente, haverá sempre futuro... Um beijo bom!  (Tera)
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                        Em treze de maio de  2008.
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tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 13/05/2008
Reeditado em 22/05/2011
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