Ao meu saudoso amigo... Kleber
Ao meu saudoso amigo...Kleber
(Daniel Lellis Siqueira)
Tendo para mim um sonho,
tão desigual e uniforme quanto uma aurora vazia.
Nada mais me resta de alegria.
Nem um resquício qualquer.
Nem uma única luz para esquentar o meu gélido coração.
Meu irmão,
tenho te visto todos os dias ao acordar.
O crepúsculo matutino projeta fagulhas de um som de clarinete,
que perfuram o meu crânio, deixando de ti uma memória suave e afinada.
O malogro daquela noite de frio
pesa sobre os meus ombros
como uma mortalha de finas folhas de araucária.
Todas as noites se projetam sujas
e meus olhos não se cansam de secar.
Levarei comigo esta amizade e alegria que você me ensinou.
Perderei contudo a fantasia que seu clarinete ecoou.
São apenas palavras ao acaso,
vomitadas num papel sujo de lágrimas terçãs.
Minha tépida poesia me consome,
e me confina numa choça de madeira.
Nunca esquecerei da sua colérica vontade de viver.
Meu irmão, amigo e irmão.
Kleber Gutierrez