TORNA-TE !




Torna-te parte sentimental do mundo,

No aparte incólume ao furor do vento,

E, no amor que seja denso, no desvão profundo,

Nunca digas "não" a cada sonho lento...




Torna-te estrada em cada chão de vida !

Adestra o coração que brada sem descanso,

E faças da paixão uma razão contida,

Perdida na emoção que nem sequer alcanço... 





E quando vier o sol pra acompanhar teus passos,

Rumo ao sentimento que nem sequer conheces,

Olha o próprio vento, só, partindo em laços

Teus maiores sonhos como tuas preces...




E, quem sabe, assim, o mar do  amor sublime

Transcenda a dor que impregnar tua mente,

No olhar de fé que o sonho só redime 

Em cada trecho desse céu ausente...





Ah, torna-te, enfim, escarcéu de luz,

Clareando os versos que fugirem d’ alma,

Assim, dispersos, no que te conduz

Ao profícuo amor que engrandece e acalma !



E não sejas tão iníquo no fim de tudo,

Quando o próprio verso te disser " Adeus",

Neste universo como vão escudo,

Coração perdido em labirintos teus. 



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