NÃO SEI QUAL É O SEGREDO...

A chuva, o sonho, o dia, a verdade,
o mês, a semana, o tempo distante,
a vez de viver emoções e quem há de
dizer que o passado não é o que garante

com força, amizades que nos são tão caras.
A vida estará sempre à frente de nós,
embora nem sempre vejamos às claras,
pois só compreendemos seus rumos após

um tempo passado, ocorridas as festas
e todas as dores que ainda nos traz.
Mas se uma palavra nos liga, a amizade,

nós pelas palavras vivemos e, destas,
as duas sabemos que cada uma faz
valer cada uma, de modo que agrade.



...para Guta, numa terça-feira do presente...

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...para Guta, numa quinta feira do passado...


IMPROVISO

Amanhece a quinta-feira
hoje, a proposta é caseira
chove e leio Manuel Bandeira.

Tempestade e chuva mansa
brinco feito criança
de casinha e de esperança.

Passa o tempo sem abrigo
eu, pareço que nem ligo
mas você é meu amigo.

Anda a gente pela rua,
a tristeza nua e crua
sem clarões de alguma lua.

Entre os rostos, um que eu penso
some pelo negro imenso
a rua é sombra perdida.

Busco um livro, me alieno
de seu rosto tão sereno
a sombra não mostra saída.

Às três horas  esmoreço,
mas depois logo me aqueço
quando ouço a campainha.

Na hora da chuva mais forte
da escuridão mais total
vi um homem caminhando na chuva
e ele parecia não ter medo.


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Maria Augusta, quando li seu texto, de imediato senti a poesia. Aqui mesmo agradeço por sua resposta e pela amizade de sempre.

 

Queria ter essa verve / pra lhe dizer obrigada / mas minha veia não ferve / então não lhe digo nada. / Mas não poder dizer nada / parece coisa infantil / pra uma amizade forjada / com tanta dor do estudo / muita conversa de tudo / anseios questões banais / realidades diversas  / que se encontraram então / sempre em torno a uma mesa / greimas, saussure e tortillas / a rechear nosso dia  / semiologia e pão. / Amizade que não esquece / de cultivar o espírito / de responder aos anseios / dos corpos que os sustentam. / São amizades assim / que se levam para sempre / que se renovam nas décadas / por vezes na terça-feira / por vezes em quinta-feira / com chuva ou com sol brilhante / quando uma azzi ou bartira / pega da pena e escreve / e faz da chuva estiagem / da distância pouco caso / da terça feira um domingo /...e desvenda o segredo

 



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