O amor que cresceu em mim...

a árvore do lavrado

Quando comprei o terreno

onde habito com a família .

lá crescia a revelia

um arbusto inda pequeno ;

com folhas de um verde ameno ,

tremendo ao vento , fagueiro .

Tinha o caule retorcido ,

eu o achei parecido

a um jovem cajueiro .

O que me falou primeiro

a mulher que nos vendeu ,

foi pedindo pra que eu

só lhe passasse o dinheiro ,

se jurasse prazenteiro ,

que jamais o cortaria ;

que o deixaria viver ,

sem nunca me arrepender

da promessa que faria .

Sem saber porque queria

a qualquer custo salva - La ,

não ousei interroga - La

do motivo que a movia .

Como achei que não havia

mal algum no juramento ,

prometi deixa - La em paz ,

e ela não deu - me jamais

azo pra arrependimento .

Não percebi no momento ,

o bem maior que comprava ,

que a pequena árvore estava

no lugar que era seu ,

que o intruso era eu ,

que a terra lhe pertencia ,

na vastidão do lavrado

antes de ser habitado ,

solitária já vivia .

Nem o seu nome eu sabia ,

tal a minha ignorância ;

daí minha relutância

em conservar no terreno

um arbusto tão pequeno ,

tão retorcido , tão bruto ,

que ocupava o lugar

onde eu podia plantar

uma Árvore que desse fruto .

Os anos foram passando ,

ela se desenvolveu ,

e à medida que cresceu

com ela cresceu em mim ,

todo este amor que por fim

mudou meu modo de ver ,

e digo com alegria

que hoje a vida daria

p’ro meu caimbé viver .

O desejo que alimento ,

é que quando eu for levado

e o deixar por legado ,

a quem o tocar por sorte ,

apesar da minha morte

respeite a jura que eu disse ,

de não cortá-lo jamais ,

e o deixem morrer na mais

ditosa e calma velhice .

Mestre Egídio
Enviado por Mestre Egídio em 16/02/2008
Reeditado em 19/02/2008
Código do texto: T861740