O amor que cresceu em mim...
a árvore do lavrado
Quando comprei o terreno
onde habito com a família .
lá crescia a revelia
um arbusto inda pequeno ;
com folhas de um verde ameno ,
tremendo ao vento , fagueiro .
Tinha o caule retorcido ,
eu o achei parecido
a um jovem cajueiro .
O que me falou primeiro
a mulher que nos vendeu ,
foi pedindo pra que eu
só lhe passasse o dinheiro ,
se jurasse prazenteiro ,
que jamais o cortaria ;
que o deixaria viver ,
sem nunca me arrepender
da promessa que faria .
Sem saber porque queria
a qualquer custo salva - La ,
não ousei interroga - La
do motivo que a movia .
Como achei que não havia
mal algum no juramento ,
prometi deixa - La em paz ,
e ela não deu - me jamais
azo pra arrependimento .
Não percebi no momento ,
o bem maior que comprava ,
que a pequena árvore estava
no lugar que era seu ,
que o intruso era eu ,
que a terra lhe pertencia ,
na vastidão do lavrado
antes de ser habitado ,
solitária já vivia .
Nem o seu nome eu sabia ,
tal a minha ignorância ;
daí minha relutância
em conservar no terreno
um arbusto tão pequeno ,
tão retorcido , tão bruto ,
que ocupava o lugar
onde eu podia plantar
uma Árvore que desse fruto .
Os anos foram passando ,
ela se desenvolveu ,
e à medida que cresceu
com ela cresceu em mim ,
todo este amor que por fim
mudou meu modo de ver ,
e digo com alegria
que hoje a vida daria
p’ro meu caimbé viver .
O desejo que alimento ,
é que quando eu for levado
e o deixar por legado ,
a quem o tocar por sorte ,
apesar da minha morte
respeite a jura que eu disse ,
de não cortá-lo jamais ,
e o deixem morrer na mais
ditosa e calma velhice .