CARTAS PARA O AMANHÃ

Ah, poetisa Patrícia Barros, sei bem como são os caminhos da vida.

Tantas vezes escorreguei e tive que levar,

Sem ter as mãos de quem eu amava para me ajudar.

Quantas vezes eu tive que curar as minhas próprias feridas!

Já estamos cantando, em tom de despedida.

O passado já não podemos refazer e nem mudar.

Ressentimentos e ódio não é bom guardar;

O que passou, passou. Vamos viver o resto dessa medida.

Resignação e solicitude, a esta hora, não são saída.

Se abrimos as janelas, veremos jardins em festas e pássaros a cantar.

Esperança e novos amores, na aurora ou luar,

Podemos escolher o crepúsculo da nossa partida.

Chega de quarentena, o sol já se põe, querida.

Vamos deitar numa rede, na varanda, sentir o vento e versejar.

O primeiro amor se foi na correnteza; nós ainda vamos desaguar.

Vem, Patrícia Barros, fênix, passou a tua fadiga!