A V.F
A ti, que na profundeza do tempo
Esteve comigo às horas passadas
Como águas de sangue lento,
De passatempo as pessoas que nos foram
Próximas, sentimos só a superfície;
Sentimos só a superfície…
A ti, que tantas conversas jogamos
Empregadas viagens alegóricas,
Imaginação num comboio
De risadas claras, um dia, quem sabe
Tornar-se-ão simplórias…
Infelizmente o drama é uma adaga
E meu coração vampiro.
Estás aqui e um dia não mais estarás,
Como todos nunca estarão…
Dizem que a solitude é doce,
Mas senti amargura a vida inteira,
Meu amigo.
A ausência é o carma vindouro,
Temo não suportar
O preenchimento de nada.
Deixo cartas como apelos
Que contigo confio meu ouro,
Meu sonho inalcançável:
A poesia do hoje a ser lida amanhã.
Nunca escrevera a ti, amigo,
Mas perdoe-me, a consciência
Grita à porta, e se não abro,
A alma se fecha ensimesmada,
Chora e dói sem eu saber.
Obrigado por tudo
E não se assuste!
É uma homenagem
Um tanto rústica,
Que um dia na aragem
Dos sonhos
Lembrarás de mim
como vento que
veio, mas foi…