O SILÊNCIO DOS COMPANHEIROS

Era um tempo de vozes firmes,

de risos fáceis, ombros certos.

O mundo era vasto, e nós, valentes,

prontos pra qualquer jornada.

Mas então veio o silêncio:

nós crescemos, dizem os dias,

casas, filhos, portas fechadas.

E me vi sozinho nas promessas antigas.

Os amigos, outrora tão próximos,

se tornaram fotos guardadas,

luzes distantes, ecos breves

em corredores vazios de palavras.

Como pude imaginar

que o laço forte se soltaria,

que os ombros firmes se afastariam

num vazio que não avisa?

Agora, só resta a espera

de um brinde qualquer, um reencontro,

de um café adiado, um abraço antigo.

Mas o tempo segue,

e, no espelho, só vejo

o silêncio dos companheiros.