5-QUANDO OS AMIGOS SE ENCONTRAM
Quando os amigos se encontram,
Mesmo que em lembranças,
Ouvem-se, ao longe, acordes de violões,
Tocando bordoneios de milongas,
Dessas que se escutam, tomando chimarrão,
Na sombra de velhas figueiras,
Na solidão dos campos e
em fins de tardes imaginários...
Quando os amigos se encontram,
Mesmo que em lembranças,
Existem longos apertos de mãos e
Fraternais abraços
E peito contra peito,
Se matam solidões empedernidas
E se curam cicatriz invisíveis...
Quando os amigos se encontram,
Mesmo que em lembranças,
Existem profusões de risos e de lágrimas,
Os risos, como um canto de reponte,
E as lágrimas como uma chuva forte
Dessas que levantam das estradas reais
Um cheiro peculiar de terra molhada e quente..
Quando os amigos se encontram,
Mesmo que em lembranças,
Os pássaros saúdam, com seu canto, a alvorada,
Que surge num festival de luzes,
de cantos e de cores,
Que se misturam às vozes matutinas
Nos velhos galpões
enfumaçados, por fogos de chão,
De seculares chamas...
Quando os amigos se encontram,
Mesmo que em lembranças,
Encilham pingos nas mangueiras
Se vestem com melhores pilchas,
E de pala e mala de garupa,
Rumbeiam na imensidão do pampa,
Levando avios e provisões,
Para jornadas longas,
Para conversas compridas,
Para longos silêncios,
Para necessárias confidências,
nos campos sem fim das emoções...