Amizades que passam, passam...

Os amigos se perdem no caminho

como a gente vaga pela vida.

São passos vagos e lamacentos

num bosque semirreal:

protótipo de fantasia medieval

plastificando como o amor

o cume das incertezas.

Amizades são para mim a cama

onde repousamos a carne

e ativamos o espírito,

donde o interior de nossa criança

acorda para sonhar leveza.

Sinto a paz da amizade vagar

em lume de esperança aguada;

é esperança contínua

e penosa de que tudo é pesadelo:

briga, afastamento, vida adulta…

Tudo enrijece em susto bruto

das coisas concretas.

A vida é matéria de enxofre sutil:

nos dias de mais alegria é

também sobre arrebatamento demoníaco.

Gárgulas que nos entristecem,

alguns celestes amigos ficam,

mas a grande maioria desaparece.

Gosto das pessoas

como gosto do cheiro do amor.

Lírios são vidas, apesar

da melancolia peçonhenta.

Acostumei com a solidez

da impermanência;

ora, é por respirar o amor

que a fragrância passageira

passa e sinto vocês.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 25/07/2024
Código do texto: T8114599
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