Transitoriedade

Quase tudo é transitório,

eis um fato realmente notório.

Do passado é preciso o velório,

esse momento é também introdutório.

A mudança é algo compulsório,

a resistência a ela pode ser mortório.

Nem tudo é realmente aleatório,

há processo que é conciliatório.

Quanto a vida parece um interrogatório,

a coerência interna é fator decisório.

A experiência agrega ao repertório,

de quem não se limita ao que é notório.

Estagnar é plenamente insatisfatório,

o indivíduo passa para um vazio falatório.

Há o risco de um viver depredatório,

não vale a pena se prender ao irrisório.

É preciso um agir articulatório,

evitar qualquer discurso alienatório.

Construir um agir emancipatório,

aceitar que todo o processo é preparatório.