AMIGOS

Pensei em buscar poemas,

Esparramados pelas folhas

De alguns outonos por aí,

Para descrever meus amigos:

Deparei com Vinícius, Drummonds,

Pessoa em pessoas,

Assim como Bandeiras

Em quintais de Quintana,

Terminando numa lista de Oswaldo...

Como colher e recolher meus amigos

Em versos e rimas sem fim?

Plenos, sem espaço nem dimensão,

Quase prosa em prisão...

Seriam, um a um, como pétalas

Em cores de suave a grave,

Numa chuva de aromas em sensação.

Como reconhecer cada um desses

Vivenciados pelas estações dos anos,

Cada qual com seu tempo,

Sem tempo,

Em tempos: todos sãos!

Frutas em frutos pelos galhos,

Ramas espalhadas pelo chão.

Todos em seus sabores,

Alguns doces, outros amargos

E em seus azedumes

Tudo de todos misturados...

Como não prova-los!

Percebi essa colheita dos anos,

Nem todos a fio,

Mas no fio da navalha,

Na pele seca e manchada

Pelo mesmo tempo

De seus tempos

Sem tempo

Nem hora marcada:

Uma presença nas ausências

Em almas cruzadas!

Assim são meus amigos:

Sabores de frutos colhidos,

Todos em tudo misturados.

CARREIRA
Enviado por CARREIRA em 22/03/2024
Código do texto: T8025408
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