AMIGOS
Pensei em buscar poemas,
Esparramados pelas folhas
De alguns outonos por aí,
Para descrever meus amigos:
Deparei com Vinícius, Drummonds,
Pessoa em pessoas,
Assim como Bandeiras
Em quintais de Quintana,
Terminando numa lista de Oswaldo...
Como colher e recolher meus amigos
Em versos e rimas sem fim?
Plenos, sem espaço nem dimensão,
Quase prosa em prisão...
Seriam, um a um, como pétalas
Em cores de suave a grave,
Numa chuva de aromas em sensação.
Como reconhecer cada um desses
Vivenciados pelas estações dos anos,
Cada qual com seu tempo,
Sem tempo,
Em tempos: todos sãos!
Frutas em frutos pelos galhos,
Ramas espalhadas pelo chão.
Todos em seus sabores,
Alguns doces, outros amargos
E em seus azedumes
Tudo de todos misturados...
Como não prova-los!
Percebi essa colheita dos anos,
Nem todos a fio,
Mas no fio da navalha,
Na pele seca e manchada
Pelo mesmo tempo
De seus tempos
Sem tempo
Nem hora marcada:
Uma presença nas ausências
Em almas cruzadas!
Assim são meus amigos:
Sabores de frutos colhidos,
Todos em tudo misturados.