Crateras
Você é aquela flor que eu admiro do jardim
E quando a grama cresce, me desespero
Você é a marcha lenta rumo a um caminho incerto
A linha tênue entre a alegria e a tristeza
Momento sublime de poucas palavras e uma certeza
Um sorriso certeiro
Pra me deixar feliz pelo ano inteiro
E eu nem preciso te dizer nada
Você já sabe, já está cansada de saber
E sabe também, não dar corda ao louco
O louco que fala exatamente o que lhe passa na cabeça
E que não deixa espaços em branco
Está bem, talvez em outros textos...
Você é uma figura
Dentro de tantas outras
Uniforme e rebelde
Não tem nome ou religião
Dia sim e dia não
Você me parece tão estranha as vezes
E por vezes nem parece que é você
Mas as crateras continuam
Marcas que ficaram na Lua
E todos temos elas, e todos nos mudamos de rua
Fugimos e fingimos desaparecer
Corremos da cidade, das pessoas e amores
Mas sempre há um pedacinho lá
Sempre há mais uma marca que não quer passar
Que não vai passar
Você faz luz e não vê
É espelho pras almas
Você se cala e reflete
O que os outros não querem ver
E o que você é, não é capaz de enxergar
Ou de querer
Não quer preencher, o vazio, o silêncio
Com pedaços de você
...
Você é o vento que não para de uivar
E mesmo longe eu te ouço
A brisa leve avisa o vendaval
E de repente você me aparece
Me traz a chuva, os raios e o temporal
E molha a grama que cresce pelo meu jardim
E o medo logo toma conta de mim
Você é aquela flor que eu admiro do jardim
No começo desse texto
E no fim