Era a última noite na terra

E nós celebrávamos como era costume

Eu levava a ternura

Que procuravas que adoçasse

O teu habitual azedume

A noite

Dessa grande celebração

Onde me mostravas o tamanho do teu vazio

Para que o pudesse tapar com a intensidade do meu coração

O momento

Em que exibias o luto

Que fazias quando te deixavas eclipsar

Pelas coisas más da vida

Que a luz não deixa passar

E naquela noite

Naqueles momentos

Do fim

Onde me procuravas

Depois de se dar

Mais uma das tuas tragédias

Esperando que fosse o teu profeta

Que curasse cada uma das tuas maleitas

Mas ambos sabíamos

Que tudo não passava de uma encenação:

Eu não passava

De um tipo que te fazia rimas

Banais

Mas que te devolviam a vontade de sonhar

E depois

Já preenchida de esperança

Desaparecias

Para sempre

Voltando

Novamente

Quando a tua terra estivesse de novo a acabar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 21/08/2023
Reeditado em 21/08/2023
Código do texto: T7867142
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