Era a última noite na terra
E nós celebrávamos como era costume
Eu levava a ternura
Que procuravas que adoçasse
O teu habitual azedume
A noite
Dessa grande celebração
Onde me mostravas o tamanho do teu vazio
Para que o pudesse tapar com a intensidade do meu coração
O momento
Em que exibias o luto
Que fazias quando te deixavas eclipsar
Pelas coisas más da vida
Que a luz não deixa passar
E naquela noite
Naqueles momentos
Do fim
Onde me procuravas
Depois de se dar
Mais uma das tuas tragédias
Esperando que fosse o teu profeta
Que curasse cada uma das tuas maleitas
Mas ambos sabíamos
Que tudo não passava de uma encenação:
Eu não passava
De um tipo que te fazia rimas
Banais
Mas que te devolviam a vontade de sonhar
E depois
Já preenchida de esperança
Desaparecias
Para sempre
Voltando
Novamente
Quando a tua terra estivesse de novo a acabar…