A Cadeira que andava

O dia está chuvoso

Nem se nota quem se aproxima

Estou escrevendo

Parei

Para verificar se a dona da casa está por perto

Mas não a localizei

Onde será que foi

Nem notei sua saída

Pois esta casa tem duas saídas

Tem dois andares

Mas ainda não descobri como se sobe para o andar superior

Perguntei para a Ermelinda mas ela não responde

Continuou pondo lenha na lareira

Quanta fumaça meu Deus

Abri a janela mas fiquei gelada

Mas se for para perto da lareira fico chamuscada

E mesmo distante da lareira senti a fumaça penetrar nas narinas

Gritei Ermelinda

Mas cadê ela

Me afastei da lareira esbarrei na cadeira

A cadeira que a Ermelinda me recomendou

Para nela não sentar

Quando falou para na cadeira não sentar

Pensei deve estar quebrada

O que eu não imaginava

É que a cadeira andava

Andava - andava -andava sem parar

E eu pensava como uma cadeira pode andar

Senti tanto tanto frio

Frio descomunal pois não podia sair do lugar

A cadeira só parou de andar quando o vento fez a janela fechar

A cadeira parou de andar e a fumaça parou esfumaçar

Mas não me atrevo a sair do lugar

Com medo que a cadeira comece a andar

Me sinto prisioneira

E a Ermelinda não vem

A chuva parou de bater na vidraça

Já está anoitecendo

E eu sem coragem de sair do lugar

Parece que alguém se aproxima é Ermelinda

com uma cestinha

Ela para os lados olhou e em casa entrou

E com um sorriso escondido me olhou

Também sorri e ela perguntou se alguém a procurou respondi

Não

Ela pra lá e pra cá preparava o jantar

Como já notei

Que não gosta de ser observada

Fiquei em frente da TV sentada

Sou a Mãe do Puro Amor Lucia Bauer
Enviado por Sou a Mãe do Puro Amor Lucia Bauer em 01/08/2023
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