Apenas um oi distante

Mas eu queria perguntar como está a vida

Parar um pouco e olhar aquele rosto

Conhecido há duas décadas atrás

Desde à época da escola

Queria saber das novidades

Queria falar das minhas

De tentar dizer o mínimo possível sobre mim

Por vergonha, falta de jeito, medo

Mas como se tivesse dito o máximo

Queria trocar contato para conversar mais pelo celular

Mas eu sou especialista em desfazer amizades

Mesmo as mais fortes

Minha frieza indiscreta e involuntária

Minha indiferença superficial

Mas eu sempre penso que o meu olhar diz tudo

Porque eu sorrio mais por ele do que pela minha boca de dentes grandes e feios

Sorrio por esse olhar fixo, em que peço, por favor

Que seja o meu amigo do peito

Mesmo que já tenha um irmão gêmeo abstrato dentro da minha mente

Um espírito multiplicado por dois

Que ocupa uma boa parte do meu tempo vivido e consciente

Eu queria o desembaraço de demonstrar interesse

De tomar a iniciativa

Sempre que pudesse

Mas aí eu não seria quem sou

Um mundo tímido e indivisível

Que gostaria muito

Mas não cede