O Lobo e a Coruja
O Lobo e a Coruja
por Aurora d'Arc (*)
O lobo sedento seguia seu caminho,
E a coruja vivia a sonhar,
O lobo não sabia que, por meio do destino,
A coruja poderia avistar.
Ao invés de vê-la como presa, o lobo a viu companheira
E num uivo abriu seu coração:
Disse que a coisa mais verdadeira
É que não morreria mais de falta de sonhos, muito menos de ilusão.
A coruja, então, do predador só tinha uma certeza:
Que o que os unia era pura beleza,
Era magia, era sincronicidade,
Eram raios de luz brilhando em pelos e penas que refletiam a felicidade.
E a coruja prometeu que não prometeria,
E o lobo sorriu dizendo que a entenderia,
E que seu carinho sempre iria guardar,
Que sua companhia sempre teria,
Em qualquer momento, hora instante e lugar.
E o lobo, faminto de emoção, fez-se satisfeito,
E a coruja com o lobo passou a sonhar.
E o lobo no coração da coruja fez um leito
E a coruja, ainda meio sem jeito,
Percebeu que também havia no seu peito
Esse sentimento a habitar.
Descobriu que era puro, era belo, era perfeito,
Cheio de beleza, de encanto, sem defeito,
Cheio de luz, num lindo uivo aos raios do luar.
(*) Pseudônimo artístico de Prescila M. de M. Rodrigues Ribeiro.