COMUNHÃO
Esperando a chuva, sonhei
Ouço teu coração batendo
Da janela, continuo vendo
O horizonte que não alcancei
Onde estás... virás com o vento?
Sabes de mim, assim estou oca
Não sai o som, trémula a boca
Já não vens! Triste lamento...
Fria a chuva que me sacode
Estremece, aviva a consciência
Favorece a dura clarividência
De um sentimento que explode
Dos céus, veio a indignação
Choram também os olhos meus
Dói bastante, pergunto a Deus
Que pretende com a laceração
Teremos nós de saber, aprender
A comunhão, através da distância?
Meias almas em concordância…
Amar outras almas, dar e sofrer?
Veio o temporal dar-me a notícia
Somos conscientes do nosso estado
Alma dividida, coração arrebatado…
Saber que existes é a minha carícia!
Amigo! Entrego-me a ti como a mim…
Amo a minha alma, pela tua metade
Sinto com ardência a simplicidade,
Da magnificência, comunhão sem fim…