No dia em que deixámos de comunicar
Tantas línguas
Tantos dialectos
Tantos sinais
Tantas formas de falar
E mesmo assim aconteceu o impossível
O impensável :
O dia em que deixámos de comunicar
Não foi o princípio
Foi mesmo o fim
Porque a essência dos humanos
É a troca
De experiências
De bens
De um olhar
Mas tudo isso acabou
No dia em que deixámos de comunicar
Porque ao nos fecharmos
Sobre nós próprios
Estávamos a consumir o nosso próprio ar
Faltando a tal troca
Que nos permitia viver
Que nos permitiria respirar
O fim era uma questão de dias
Há medida em que as palavras morriam
Porque teimávamos em não as libertar
Certamente que existem fins belos
Ou pelo menos maus
Até poéticos
Mas não o nosso
Porque negámos a existência de outros dias
No dia em que deixámos de comunicar