Para um amigo
Você
Sim, você mesmo
Que é careca e anda sem presa
Com suas caixas releva
Sua paciência se eleva
Seus olhos que penetra
Qual animal tua alma revela?
Você, você mesmo meu caro
Do sorriso frouxo
Da mansa voz
Dos minutos a sós
Que fala sozinho
Entendo seu redemoinho
Entendo sua dança
Que alegre balança
Enxerguei tua criança
Sua doce bonança
Te contar um segredo
Também falo sozinho
Tenho meu redemoinho
Mas não ando sozinho
Falar de você não e fácil
Parece um gato
Sutilmente reparo
Teus instantes do ato
Tua barba penteia
No espelho teu olho passeia
Nas conversas que tu anseia
Uma barba longa ou uma vasta cabeleira
Tu sabes o quanto é sensato
Me acolheste com agrado
Amigo, aqui término o poema de teu reparo
Tu me pediste um poema
Pois sabe que quase não falo.
Pablo Getúlio