Para um amigo

Você

Sim, você mesmo

Que é careca e anda sem presa

Com suas caixas releva

Sua paciência se eleva

Seus olhos que penetra

Qual animal tua alma revela?

Você, você mesmo meu caro

Do sorriso frouxo

Da mansa voz

Dos minutos a sós

Que fala sozinho

Entendo seu redemoinho

Entendo sua dança

Que alegre balança

Enxerguei tua criança

Sua doce bonança

Te contar um segredo

Também falo sozinho

Tenho meu redemoinho

Mas não ando sozinho

Falar de você não e fácil

Parece um gato

Sutilmente reparo

Teus instantes do ato

Tua barba penteia

No espelho teu olho passeia

Nas conversas que tu anseia

Uma barba longa ou uma vasta cabeleira

Tu sabes o quanto é sensato

Me acolheste com agrado

Amigo, aqui término o poema de teu reparo

Tu me pediste um poema

Pois sabe que quase não falo.

Pablo Getúlio

Pablo Getúlio
Enviado por Pablo Getúlio em 15/10/2022
Reeditado em 15/10/2022
Código do texto: T7627862
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