Você me entregou o pouco que restava do seu coração

Os salões de festa

Dentro de seus

Brancos sonhos

Os hóspedes os deixaram

Despedaçados

Arruinados

Os violinos

Amordaçados

Balões estourados

Seus traçados, vitimados

Fadados

Aos maus tratos

Aos retalhos, sentenciados

Celas do ridículo, trancafiados

O sumir da sua fome

Seu vigor, não quer que ele tome

O descolorir te torna insone

O desânimo te come

Propósito, ele some

Entre os entretantos

Apesar dos poréns

Mesmo com os mas

Levando em consideração

Todos os todavias

Você reuniu

Os poucos pedaços

Os remendou com carinho

E o entregou a mim

Um presente tão pequeno

Tão leve quanto feno

Presente belo

Fruto de um elo

Forjado sob bater

De martelo

Guardarei

Com carinho

Meu coração

Baterá por você

Até o último bater

E me lembrarei de ti

Até minha massa cinzenta

Ser varrida pelo tempo

Junto às cinzas

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 12/09/2022
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