Menina Mulher
Essa menina mulher nunca brincou de boneca e nem tampouco sentiu a alegria da infância. Assim como sua mãe, sua avó, bisavó e muitas outras crianças pelo mundo afora!
Mas essa menina/mulher é muito especial. Eu vou falar um pouquinho dela com muita alegria e gentileza. É meu xodó!
Sempre que possível eu converso com ela.
Ela nasceu numa selva misteriosa e precisou ser corajosa como sua mãe loba para sobreviver numa floresta enigmática e incógnita...
Desgarrou-se muito cedo da velha mãe loba e teve que aventurar-se sozinha pela mata escura para sobreviver, sem rumos e trilhos, misteriosos os conflitos...
Nesta floresta misteriosa, escura e muito fria, não havia brincadeiras de roda, nem bonecas e carrinhos para brincar, nem aconchegos e proteção paternal. Sem as doces frutas, e também nem a alegria de aprender a ler e escrever numa boa escola.
Do amanhecer ao anoitecer, a busca era incessante para essa menina sobreviver e não sentir tanto medo. E quando anoitecia, ela ficava mais atenta para com os cuidados. Tinham que ser redobrados. Os predadores estavam sempre na espreita para com as presas dóceis e inocentes.
Mas ela foi valente e passou sua infância sem brincar, e na adolescência teve responsabilidades e trabalho, e na maturidade cuidou dos filhos.
No entanto, agora, fala com orgulho que de tudo que passou valeu a pena. Está fazendo algo de que gosta muito, como se fosse brincar com as bonecas que não teve. Faz trabalhos incríveis, está pintando e bordando com grupo de amigas de sua idade. Que também passaram por muitas dificuldades.
Saboreiam os bons momentos, contam as suas histórias vividas, com o prazer de terem plantado e agora estão colhendo com paz e tranquilidade.
Parabenizo e louvo sua bela arte e a determinação de tecer com maestria. Felicidades!
Texto poético: Miriam Carmignan
Imagem Beatriz Carmignan