O ECO DO SILÊNCIO
Chove lá fora
Ou talvez não
Chove em mim
E eu ouço o som
Dessa chuva
E não sei se me gosto de sentir assim
Ouvindo
O eco do silêncio
Em monólogos
Virtuosamente
Transmutados em diálogos
Que ocupam uma eternidade
Fazendo o som
Que fazem as estrelas
Quando choram de saudade
Sendo o seu cântico lúgubre
O eco do silêncio
Por vezes
Subo à minha mais alta montanha
Ao cimo
E experimento
Algo vislumbrar
A cor
Que fazem as vozes
Quando do fundo delas
Nada se pode esperar
A não ser
Uma verborreia
Silenciosa
Que se percebe
Em pequenos sentidos
Em pequenos enormes gestos
Que a mim
Um cego destas artes
Me dizem
Que não estás comigo
E de repente
Apetece-me acrescentar mais uma coisa
Nesta demanda pelo impossível:
Como será a cor do silêncio?
Os amantes tristes
Pintam-na de negro
Os desiludidos
De cinza
E os crentes eternos
Da cor mais bonita
Que ainda está por criar
Pois será a cor
Que essa profissão de imensa fé
Irá gerar…
Eu…
Pela minha parte
Pinto-a
Com as cores da minha imaginação
Sendo cada poema
Cada verso
Cada texto
Uma cor
Que misturo na minha imensidão
De ser quem sou
E de gostar
Daquilo que vejo ao espelho
Com defeitos infinitos
E com algumas rugas
Que me indicam
Que a cada dia que passa
Estou cada vez mais velho
E talvez mais sábio
Por crer no Invisível
E também no amor
Mesmo que este
Tantas e tantas vezes não me seja acessível
E assim…andando e fazendo por andar
Vou falando
E às vezes
Lá calha gritar
Para preencher o teu vazio
Que bastas vezes parece que não aguento
Mas aguento…
Para evitar esse som horrível:
O eco do silêncio