MEU GATO
Tem os olhos verdes penetrantes
Que mudam de cor por instantes
Fazendo dele sonhador e cruel.
Às vezes têm a beleza do céu.
Sérios, lembram barcos velados,
Em cais sereno ancorados,
De portos distantes, desconhecidos,
São dois sóis no espaço perdidos.
À noite, de mansinho, vem o dono
Dos olhos plenos de sono
Jogando seu encanto secreto.
Na voz um apelo discreto.
Infiltra-se, matreira, no meu leito,
Essa criatura tão sem respeito.
A língua acaricia o meu rosto
E sem permissão assume o posto
Entre os meus braços quentes,
Que, às vezes, ficam dormentes
Com o peso do seu corpo macio.
E cedo ao charme, ao longo mio
Desse gato antigo, ser misterioso,
Na história vindo de mundo tenebroso,
Aconchegando-o, tal criança, ao peito,
Para que tenha um sono perfeito.
30/01/05.