DIÁLOGO DA ANTEVISÃO: coincidência da cretinice
Poema "de fôlego" com 50 versos.
— Pronto, viandante: agora é só você atravessar a pista e esperar o ônibus, na sombra, que ainda pode passar um conhecido e lhe dá carona.
— Um conhecido ou amigo é capaz de fingir que não está me vendo e passar por cima de mim. Por isso, eu vou ter cuidado.
Poema à guisa de crônica
O viajante e os dois amigos que passaram:
Amigo Lata e amigo Latão (nomes fictícios)
Palavras do viajante sobre o Amigo Lata e o amigo Latão
1°) Cretinice em fuga
Um é filho, o outro é irmão
da Cretinice perversa —
com total desatenção
no silêncio e na conversa;
que foge ou que tergiversa
quando sai em disparada,
deixando um amigo na estrada
sem ao menos entender
como pôde acontecer
a fuga desembestada.
2°) Parada e “vista grossa”
Quando, na pista, pararam
ao lado, no acostamento,
de frente, não me avistaram:
de pé, visível e atento
a um transporte no momento.
Seguiram rumo e destinos
quais dois parceiros cretinos
que receberam bons tratos
e agora causam impactos
de dois ferozes caninos.
3°) Chofer Latão
"Latão" desviou a vista
para ver se vinha carro
e entrou correndo na pista,
queimando pneu no barro.
Mas não verá o escarro,
o escárnio que é merecido
ao mal agradecido.
Sou um amigo de nobreza,
julgo o mau gesto ou fraqueza
a ser pesado e medido.
4°) Passageiro Lata
"Lata" só gritou o meu nome...
Fiquei à beira da pista,
e a sua voz também some
com o veículo e o motorista.
Perdemo-nos, pois, de vista,
mas não perdi a esperança;
e outro automóvel avança,
para e oferece passagem;
então segui a viagem
com gente de confiança.
5°) Contrapeso
Eles dois já foram fortes
e incapazes de deixar
um peregrino a penar
na estrada e sem transportes;
já livraram alguém das mortes,
que brigou e levou murros.
Dei "Adeus", não dou esturros;
e, tendo aborrecimento
“por causa de um coice ao vento,
não corto a perna dos burros”.