No teu divã

Hoje quero um ombro amigo
E minhas lágrimas nele derramar
Se desculpando,  ficar envergonhado em secá-lo
Hoje quero o teu silêncio para somente me ouvir falar

 
Hoje estou carente de quem não me julga
Hoje estou carente de quem quer somente me ajudar
E ver em mim o que de melhor eu tenho para mostrar
Hoje estou carente do silêncio das palavras
 
Hoje quero sentar no teu divã
E você me ouvir com todo o cuidado
Debruçar-se sobre mim e juntos chorarmos
Como  se nada mais tivéssemos a fazer

 
Hoje quero esquecer todo o meu dever
Hoje quero somente ouvir o som daquele pássaro
Que esteve aqui pela manhã e voltou à tarde
Para se despedir e me dar boa tarde
 
Hoje quero com você, amiga, caminhar pela relva
E me contar de você e ouvir as minhas lamúrias
As quais algumas já sabes e não te escondo
Hoje quero me despir de tudo, até das puras vaidades

(Paulo Eduardo)
Paulo Eduardo Cardoso Pereira
Enviado por Paulo Eduardo Cardoso Pereira em 02/08/2021
Reeditado em 02/08/2021
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