Quando o fim do mundo nos visitar
Vou-te abraçar
Como se ainda faltassem mil anos
Até à eternidade acabar
Numa espécie de ficção
Demasiado científica
Que me apeteceu neste poema imaginar
Não te vou dizer nada de especial
Não esperes por isso qualquer tipo de revelação
Vou-te apenas dizer
Que quando ele pára
És a única pessoa
Capaz de fazer bater de novo o meu coração
Com esse ar
Com que me olhas agora:
Um olhar franzido
Porque estás a tentar perceber no que estou a pensar
Um meio sorriso
Porque embora nunca consigas
Estás quase sempre perto de acertar
Uma alegria contida
À espera de se poder manifestar
Uma muralha
Que protege os teus afectos
E que suspiras
Que eu por fim a vá derrubar
Mas
Meu amor
Vais ter que ser Tu
E não eu a essa fortaleza desmontar
De imediato
É que os tais mil anos
Teóricos
Na prática
Estão quase a acabar
Sei isso
Porque ao olhar para o horizonte
Já vejo o fim do mundo que decidiu agora nos visitar