A ampulheta

O Tempo

Ensinou-me que só fica

O que deve ficar

E que se não te vejo

É porque chegou o tempo

De deixar de te encontrar

Ensinou-me

Que uma lágrima

Mil vezes deitada

Pode desfazer uma pedra

Mas que posso partir

Quando longa demais se tornar a espera

Ensinou-me

Que há tempo para tudo

E também para o fim das metáforas

Quando chegar ao fim

O teu estado de graça

Momento

Em que o frio discurso directo

Coloca o fim

Ao discurso do romantismo

Ao dizer-te que a pedra

É no que transformas-te o teu coração

E a lágrima é o meu tempo

Transformado em pó

Depois de secar

Cansado do tempo de espera

Para estar contigo

Pó que indica que o tempo acabou

Depois da sua última partícula

Pela nossa ampulheta imaginária passar...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 13/07/2021
Código do texto: T7298507
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