A ampulheta
O Tempo
Ensinou-me que só fica
O que deve ficar
E que se não te vejo
É porque chegou o tempo
De deixar de te encontrar
Ensinou-me
Que uma lágrima
Mil vezes deitada
Pode desfazer uma pedra
Mas que posso partir
Quando longa demais se tornar a espera
Ensinou-me
Que há tempo para tudo
E também para o fim das metáforas
Quando chegar ao fim
O teu estado de graça
Momento
Em que o frio discurso directo
Coloca o fim
Ao discurso do romantismo
Ao dizer-te que a pedra
É no que transformas-te o teu coração
E a lágrima é o meu tempo
Transformado em pó
Depois de secar
Cansado do tempo de espera
Para estar contigo
Pó que indica que o tempo acabou
Depois da sua última partícula
Pela nossa ampulheta imaginária passar...