Arquibancada
Arquibancada
Dizem que os vínculos relacionais são necessários,
uns designados pela genética, outros são criados.
Alguns se achegam com o tempo, através do percurso da vida.
Atraímos pessoas para conviver, despertar e ceder à partida.
A afinidade se dá por semelhança ou interesse.
Um se aconchega na amizade verdadeira.
O outro escamoteia, fingindo não ser este.
Até que as transformações internas vão ocorrendo. O que parece comentário inofensivo, revela-se suave veneno.
Daqueles que, aos poucos, vão lhe minando as sutis energias.
São sugadores emocionais, disfarçados na amistosa simpatia.
Solitude é morada segura em terra de caçadores de brilho alheio.
Descontentes consigo próprios, descarregam no Outro seus anseios.
Nem notam, mas o tom de voz muda ao saberem dos seus sonhos.
A ânsia é indisfarçável para captar, dos seus passos, o tamanho.
A competição se faz abrigo unilateral do tal vínculo-fantasia.
Quem fica feliz com o seu progresso e sente sincera alegria?
Amizade mesmo é atravessar egos, crescendo em companhia.
Autoestima baixa é indicativo de fazerem de ti comparação?
Sentir felicidade pelo Outro, e vibrar, é o ápice da empatia.
Se amizade verdadeira é pleonasmo, diga-se falsidade, então.
Ai de quem, em si mesmo, não cultiva a própria confiança.
Embora seja saudável a energia emanada pelos laços fiéis.
O problema é depositar, em apoios tênues, a esperança.
Depois o tempo prova que estes não passavam de papéis.
É o sonhador, em preparação, prestes a, longo voo, alçar.
Confiante de si. Olhando, ao seu derredor, quem o espia.
Deveria a vibração externa ser impulso do bem desejar.
A arquibancada está cheia, mas cheia de torcida vazia.
Maísa C. Lobo
08/07/2021
07:49h