SENSAÇÕES TERRENAS
Poema baseado em alguns dos meus “letristas” contadores de histórias em poemas favoritos (Jorge Palma, David Fonseca) e também numa das minhas poetisas favoritas da pouca poesia que vou lendo, a minha querida Amiga Sonya Borboleta
SENSAÇÕES TERRENAS
Por um momento
Nem que seja por um segundo
Abandono o meu sindroma milenar
Os meus mundos
E tento fazer algo que vos toque
Bem fundo
Sensações Terrenas
O que é a mais pura e âgamo amor
E também amizade
Senão o espelho da organza
Sem mar
Sem terra
Sem tempo
Sem espaço
A não ser um grito lindo
Que sem barreiras se dá em conjunto
Sem qualquer tipo de embaraço?
Reverberado nessa frase dicotómica
No sentido
Mas funcional no seu cerne
E una
Quando vos quero comigo:
Sensações Terrenas
E esse grito
De desejo impoluto
Ganha terreno
Na cama vazia
E no livro por crescer e escrever
No beijo imortal
Que eu tantas e tantas vezes
Fiz por merecer
E demasiadas
Por esquecer
Sensações Terrenas
Esse palpitar no coração
Esse orvalho quente
Num campo frio
De uma manhã gelada
Esse tactear
Por algo
No vácuo
No mais profundo
E sublime vazio
Essa concretização
De um sonho a preto e branco
Mas que se por desejar
Tanto
O tornamos a cores
E nada etéreo
O tornamos real
Um pouco a brincar
Mas demasiado a sério
Por vos querer
Meus amigos
Minhas amigas
Minhas ternuras
Almas
Minhas queridas
Ao abrigo
Do perigo
Que represento
Quando me deixo levar
No vento dos meus genes
Que por tanto gostar de gostar
Acabam
A maior parte das vezes
De todos afastar
No sentido orgânico
Enquanto inorganicamente
Vou esperando
Numa vida que de tanto aguardar
O tempo vai passando
Numa vida
Que é ao final de tudo
Uma cruzada pelo afecto
Pela normalidade
De coisas perenes
Que o meu incerto Inverno
E com muita pena
Transforma em versos caducos
Intransponíveis
E não naquilo que quero:
Sensações Terrenas