A HORA DO AMIGO (SERÁ QUE VEM)
Poesia inspirada em “Convite Triste” de Carlos Drummond de Andrade (1934).
Vem cá, chora aqui comigo que eu quero ver.
Diz-me agora que está sofrendo o meu sofrer,
Vem cá, fazer o tempo parar e levar minha dor,
Diz-me então, que carregar meu “andor”,
Mesmo que um pouco.
Quero ver se teu rosto repete o que diz
Quero ver o que é que escreve esse “giz”,
Se tu és meu amigo ou nunca faz o que diz.
Vem cá, vem beber meu martírio,
Vem arrastar o meu “círio”,
Porque forças não tenho
E é a ti que recorro e venho
Porque se diz meu amigo.
Se eu chamar o mundo,
Sei que o mundo não vem,
Mas é da amizade
Que vem o socorro,
E se não vem eu morro,
De decepção.
É, portanto, agora,
Que meu eu chora,
Que estar a ruir meu abrigo,
Que eu quero ver
Se tu és meu amigo,
Vem!
Ênio Azevedo