SONYA

Não percebo quais os ventos celestiais

Que me levam até Ti

Quando apenas o eco do teu silêncio

Me faz lembrar que ainda te lembras de mim

Não percebo o que me dá alento

Quando recebo apenas isso…

Silêncio

Não percebo

A razão de cada por do sol

Cada noite

Cada novo renascer da Aurora

Por vezes tos dedicar

Numa espécie de solstício intemporal, espécie de cerimónia religiosa

Não percebo

Porque gosto tanto do que escreves

Que alimenta a minha prosa

É parte da alma da minha poesia

Porque sem as tuas palavras quer orais quer escritas

Sinto-me algo perdido

Parte do que sou porfia

Não percebo

Porque em ocasiões como agora

Quero fazer um pousio

No campo da minha escrita

Para ele mais tarde melhor proliferar

Não percebo porque basta a semente

De uma palavra tua

Para de novo nesse campo a escrita germinar…

Ou então percebo…

Acredito na pessoa que és

E que bastas vezes já o demonstraste ser

Não é o Amor que me move

Já foi, e ainda há uma réstia dele

O que me move é a saudade

É um fogo eterno

Que nunca terá fim

É uma bela e sem igual

Imaculada Amizade

Pois há amizades estranhas como eu

Há amizades assim…

Porque como diz o poeta

Posso suportar que morram todos os meus amores

Mas a dor pela perda das minhas amizades

É algo que não suportaria

Em paz

Iria transtornar todas a minhas faculdades

Que me fazem poeta

Escritor

Ser sensitivo

Que sem os meus amigos

Teria uma cratera no meu coração

Sem os amigos (as) não sei o que faria…

Não percebo?!