AMIGA JAQUELINE

Conheci alguém que parece de outro mundo

De uma delicadeza, de uma profundidade

Que desconheço as que conheci de modo raso

Ela é como uma raiz que não pode ficar

Tolhida dentro de um vaso...

Pois sua percepção acerca do mundo

Que lhe acerca é de conotação tamanha

Como o é a vastidão escura que fica

Por detrás das estrelas a qual lhes acrescenta o brilho...

Ela não conhece metade de sua luz

Porque está tateando sua sombra lunar

Com os fios desconectados do plugue

Que ao nada abismal lhe conduz

Como o louco que viaja sem ter onde chegar

De uma efervescência quando sorri

Que contamina de alegria flores murchas

Passarinhos bem-te-vis e beligerantes colibris

Na íris de seus olhos alma antiga quase xamânica

Conhecimento ancestral graça messiânica

Como doce extraída direto de um canavial

Dependendo da semântica melodiosamente astral

Se adequa como camaleoa

Quem sabe lhe ruge interiormente uma leoa

Mesmo assim é volátil e lhe evola no ar

Entre uma baforada e outra a viajora circunspecção

O olhar se perde na imensidão

De seu submerso ser onde a verdade lhe é singular

Ao meu ver isso é raro

É uma abelha rainha

Que trata bem ao invés de matar seu operário

É mel no olhar doçura no falar

É conjugação longilínea do verbo amar...

Onde anjos emanam de suas asas ciliares

E ela é o cetro que borbulha interiormente humildade

É uma mulher uma menina quiçá uma rainha

Conhecer esta mulher é agradecer à baco e a sua vacuidade

Por toda a sua voluptuosa vinha

Como cachos de adulçoras uvas que na mão se aninha...

Em seu olhar traz a candura dos anjos

A coroa e o cetro dos grandes reis

É uma mulher cheia de eteceteras

Nela é terminantemente proibido um ponto final

Está sempre em segmento, evoluindo...se replicando

Dentro de si e principalmente dentro dos

Esconderijos dos outros seres que lhe acercam

Para lhes libertar das prisões psicológicas

Que se lhes atormentam ou que lhes deixam

Ficar por medo de perder seus sonhos ou quiçá seus próprios demônios...

Ela é forte como uma mordaça

E as vezes tão frágil

Como uma cortina de fumaça

Que vai embora para cima

E se descortina qual nuvem

Que se dissipa em silentes lágrimas puras

Que não se misturam com as águas impuras

Que no chão viram lama

Como ela se chama

Tão segura ou elástica como uma liga

AMIGA...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 08/08/2020
Código do texto: T7029425
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