A conquista do nada

Quem conquistou quem?

Não o sei dizer

Só sei que a vitória

Era uma derrota anunciada

A que um dia

Mais tarde neste futuro

Dei o nome de

A conquista do nada

Porque o espólio

De quem pensou que venceu

Foram apenas a dor

E demasiadas lágrimas

Ganhámos tudo

Mas perdemos demasiado

A conquista do nada

Mas só o soubemos

Não na altura

Porque na altura celebrámos com o silêncio

Muito por fora

E demasiado por dentro

Soubemos apenas mais tarde

Quando as feridas da batalha

Teimavam em não cicatrizar

E na nossa mente

Estava tatuada

Aquela terrível imagem

Do olhar desfeito

Na tua cabeça o meu

E na minha o teu

Que agora

Um dia longínquo depois

Nos fez pensar

Que de facto o amor

Quando é deixado à solta

O amor pode matar

O amor é uma arma de destruição maciça

De eterna duração

Que liquida

Qualquer nova emoção

Que ameaça

Pôr de novo a bater o coração

Em coma

Desde o dia

Em que decidimos partir

À procura de uma nova esperança

Partir

À conquista do nada

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/05/2020
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T6958767
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.