O ano de Todos(Nós)
Foi o ano não de todos os perigos
Mas o ano de todas as indefinições
O ano de todas as dúvidas
O ano de todas as razões
Porque todos fomos cientistas
Todos fomos matemáticos
Todos fomos profetas
Todos fomos peritos
Em matérias
Que nenhum de nós sabia
E alguns de nós transformaram-se em poetas
Para contar
As nossa histórias sombrias
Mas sobretudo secretas
Que por dentro nos ameaçavam devorar
Todos fomos o medo
Todos fomos a esperança
Todos fomos o passado
Sorvendo cada recordação
Alimentando-nos de memórias
Porque o presente era um vazio da razão...