Visões
Quero ver
A pressa de partir
Só depois da vontade de chegar
Quero ver a saudade
Só na altura em que ela já não pode magoar
Quero ver
O mundo
A tremer
Pela força
Das coisas extraordinárias
Que estão a acontecer
Não o quero ver
A tremer
Pelas coisas que se dizem
Os actos que se praticam
Que o põem a arder
Quero ver
O horizonte
Em tons de esperança
Que me fazem acreditar
Que o futuro vai ser
Um bom local
Onde se deseje estar
E não uma terra queimada
Onde só se viverá
Por não ter uma outra terra para habitar
Quero continuar a ver
A luz
Clara
E bem definida
E não uma luz negra
Fruto do que fizemos
Filha dos nossos pensamentos
Quero continuar a ver
Momentos
E não um conjunto de amarguras
As coisas como elas são
Mas com ternura
E não o mundo
Onde a tristeza
Seja uma espécie de ditadura
Onde em cada gesto
Em cada palavra
More obscurantismo
De quem perdeu a fé
E não admite
Que outros pensam e sintam
De uma outra maneira
Quero ver-te a dançar
Feliz
E não parada
À minha beira…