ALMAS SABIÁS LARANJEIRAS

À luz de candeeiro

Leste obras literárias.

Lidaste o dia inteiro,

Ora triste, ora hilária.

Acendeste vela à santa,

Desfiaste o teu rosário,

Tricotaste nova manta,

Deste vida ao cenário.

E o amor ? Não, não vinha,

Havia os bolos na cozinha

E meias a serem cerzidas

E assim rolava a vida ...

Roubaram-te a infância -

Ainda acusada agir infante-

E a juventude, não a fragrância,

Pois esta manteve-se feito antes,

Tiraram-te a filha que adotara,

Deram-te velhice de tempestades,

Mas ao dar-te com minha cara,

Meu sorriso teu peito invade.

Porque nascera para teu arrimo,

Porque te entendera e te amara

E assim por anos nos sorrimos,

Alheios às tuas irmãs tão ignaras.

E nossas almas sabiás laranjeiras

Sabiam-se cantar na varanda da casa

Canções ora tristes, ora mais brejeiras,

Até o dia em que fez-te anjo e bateste as asas ...

Poema dedicado a Maria Nair Marcondes Cabral, tia Inaia, pelo 35° aniversário de sua morte.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 24/09/2019
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