No Silêncio
De quem te ama
Mas que não usa essas palavras
Não por timidez
Mas com medo de as esgotar
Por serem demasiado raras
Nessa ausência de sons
Mas abundância de olhares
Peço-te
Quando do silêncio te fartares
Para não ires
Para ficares
E porque sei
Que os olhares te podem enternecer a vista
Mas que não te conseguem tocar na alma
Peço-te que oiças os meus gestos
Que te dizem
Que em plena tempestade
És a única que me acalmas
Que num mundo cada vez mais cheio de vazios
Só me sinto completo
Preenchido
Quando estás
E quando estou contigo
Porque não tendo nem terra
Nem casa
Onde gostasse de estar
Andei uma vida toda
Parando por fim
Quando te conheci
Porque tinha encontrado
Por fim
O meu chão
O meu tecto
E as palavras de amor
Que faltavam ao meu dialecto
Tantas palavras
Que não consegues imaginar
Quantas são
Porque são tantas
Que nem as consigo contar
Embora conte
Os segundos
Que costumas demorar
A perceber
Que o que tenho para te dizer
Em silêncio
Está no meu olhar
Portanto peço-te:
Olha
E a tua sede de imensidão
Irá ser saciada
Olha
E saberá que és amada
Olha
E quando perdida
Saberás onde está a tua casa