No Silêncio

De quem te ama

Mas que não usa essas palavras

Não por timidez

Mas com medo de as esgotar

Por serem demasiado raras

Nessa ausência de sons

Mas abundância de olhares

Peço-te

Quando do silêncio te fartares

Para não ires

Para ficares

E porque sei

Que os olhares te podem enternecer a vista

Mas que não te conseguem tocar na alma

Peço-te que oiças os meus gestos

Que te dizem

Que em plena tempestade

És a única que me acalmas

Que num mundo cada vez mais cheio de vazios

Só me sinto completo

Preenchido

Quando estás

E quando estou contigo

Porque não tendo nem terra

Nem casa

Onde gostasse de estar

Andei uma vida toda

Parando por fim

Quando te conheci

Porque tinha encontrado

Por fim

O meu chão

O meu tecto

E as palavras de amor

Que faltavam ao meu dialecto

Tantas palavras

Que não consegues imaginar

Quantas são

Porque são tantas

Que nem as consigo contar

Embora conte

Os segundos

Que costumas demorar

A perceber

Que o que tenho para te dizer

Em silêncio

Está no meu olhar

Portanto peço-te:

Olha

E a tua sede de imensidão

Irá ser saciada

Olha

E saberá que és amada

Olha

E quando perdida

Saberás onde está a tua casa

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/08/2019
Código do texto: T6732926
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.