Os nossos vazios
Preenchíamos os nossos vazios
Com pedaços soltos da nossa personalidade
Eu inventava histórias
Tu gostavas de as ler
E assim o vazio ficava cheio
Com a nossa complementaridade
Ou então
Quando a modorra
Tomava conta
Das minhas palavras
Eu nada fazia
E tu sem elas
Não fazias nada
Existia contudo
Um terceiro momento
Que não gostando
Não o podíamos evitar:
A altura em que
À vez
Cada um tinha que se ausentar
Ausentar com razão
Ausentar sem sentido
Ausentar por exaustão
Sendo estes os vazios mais difíceis de colmatar
Porque estando longe
Não devias regressar
Porque estando ausente
Não podia contigo estar
Pegávamos então na saudade
Tirando-lhe o desejo
Voltando assim a calma
Cuja falta
Nos fizera partir
O vazio ficava preenchido
E nesse momento
Era a altura
Para voltares a estar comigo…