SENTIR (poesia a seis mãos)

Por que sentir-se uma pluma;

Quando tuas mãos passeiam por meu corpo.

Porque sentir-se um falcão alçando vôo;

Se as alturas não parecem oferecer perigo?

Sentir-me...

Sentir amor pelo sentir !

Aquele sentir que tem o teu nascer:

Onde bate a vida com o teu pulsar.

É sentir o amor no existir.

Aquele doce meigo e profundo sentir!

Que se sente assim só no doce amar...

Sentir-se caminhando sobre nuvens.

Romper as teias,

Soltar as amarras:

Do desejo

Que incendeia!

Sentir nas veias o amor pulsar!

Sentir teu corpo em mim colar!

Sentir-me em mim poesia em estertor!!!

E o sangue a jorrar-me das entranhas...

Porque da pena sai fel e sai suor:

Alçar vôo para além da realidade!

Transcender o pensamento.

Tornar palpável o momento.

Consumar o desejo da liberdade...

Assim é a vida.

Pode não ser perfeita

Mas não há ensaios...

É só sentir... E viver!

E se sentir, não possa em mim tudo o que sentes.

Esse sentir mágico do amor em teu momento!

Que sinta a dor - porque não me o consente:

Ter o amor em mim sempre presente.

Nunca imaginei

Sentir-me assim

Na loucura

Deste amar

Não há terra,

Não há mar,

Que me separe de ti...

Finito...

No sentir dos sentidos:

Busco o teu odor.

Como em jardim reflorescido

Embriago-me em teu amor!

Sento-me perdida no silêncio do segredo...

- Que envolve e segrega sentimentos

-Perdido o sentido do que sou

-Envolta na loucura de momentos

-Tirei do sentir a água do mar

De dentro... E vi a noite :

Entre o beijo e a lágrima...

Daquilo que tiro o sentido

Do mar interno que vago na espreita

Daquilo que vago feito fantasma

Lúgubre pelo espaço

Pois não tenho cá

Esse brilho do teu olhar

A me guiar adiante.

Nos instantes declinados da dona das horas

Sobrevôo nas fendas do tempo

E abraço o céu noturno

O mundo é de sombras

A lei é o silêncio

A felicidade é a mordaça

Os sonhos são enjaulados

A lua é preto e branca

O coração é sem luz

No universo dos desejos

Os caminhos são Obtudos

Os dias são abortados

Os ecos de lamentos são vazios

As lágrimas são magoadas e a vida sem voz!

Erga-me ao universo em tuas asas Falcão!

Ave sedenta de sonhos e amores

Invada minha alma com tuas garras

Minhas entranhas na plenitude do desejo ardente

Leva-me a vôos rasantes de paixões

Sentir-me-ei

Nas Brumas do passado

O tempo era o limite do meu fado

Sentir no amor o valor

Eu Sentir em ti o desejo

Sentir nos teus beijos o calor

Sentir a vida em solfejo

E sobretudo, sentir o desejo

De ti...

Kyriadalua, Fernando Páscoa, Maria Badalassi

KYRIADALUA
Enviado por KYRIADALUA em 25/09/2007
Código do texto: T667930
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