A violência dos sentidos
Porque escrevo?
(uma pergunta que é normal fazerem depois de me lerem)
A resposta é difícil
Porque escrevo desde que me lembro
E mal me recordo de tudo isto ter começado
Porque quando os anos são alguns, mas sobretudo intensos
A memória tende a perder-se algures no passado…
Mas como escrevo
Desde que comecei a tomar a percepção do Ser
Escrevo para respirar
Nos intervalos de viver
Escrevo porque sou comandado pela sensibilidade
Que vê nas palavras
Um meio
Para se revelar
Usando-me
Porque quando escrevo é ela que está a falar
Por isso escrevo apenas quando sinto
Escrevo quando partes
E me dilacera a saudade
Escrevo quando chegas
Para celebrar a felicidade
Escrevo quando o mundo me parece demasiado cruel
Escrevo quando vejo alguém a partilhar
O seu último pedaço de pão
Com um desconhecido
Escrevo para tentar domar esta violência dos sentidos
Escrevo
Para tentar preencher com sensações os meus vazios
Escrevo porque sou um náufrago no mar das minhas emoções
Escrevo
Porque a escrita me traz paz
Tranquilidade
A escrita é o meu porto de abrigo…