Doutor fraterno
Estava em meio a um mundo sombrio de dores e dissabores, dúvidas e incertezas, ilusões e vilezas, e tu me estendeste a mão.
Num ato de profundo altruísmo me trouxeste ao chão,
Dedicaste teu tempo, tua emoção e tuas poesias para preencher minh'alma vazia.
Cogitando idéias, interpretações e até mesmo orações.
Foste minha luneta, me ensinaste a ver as estrelas, as esperanças que ao longe estão.
Te mostrei o avesso da minha nudez e revelei-te meu coração, e não foste indiferente, mas sem pressa começaste a dissecação.
Tristezas, decepção, loucuras, incertezas e compaixão, fé, amor e paixão.
Laudo da autopsia: assistolia, morreu de desilusão.
Como exímio especialista começaste a ressucitação.... choque de realidade, e massagem na auto- estima,
Começou a fibrilação.
Segundo choque, confronto com a Palavra e aldravias, palavras doces de deleite e risadas. Começa a bater.
Eis um cadáver que volta a viver.
Trabalho concluído, por certo outros pacientes te tem requerido, terás de abandonar essa que está em recuperação ao cuidado de outro Dr., esse que tu tens relatado o caso em oração.
Triste está sendo essa distância, olhar meu telefone e não ver tua chamada, um bom dia nas mensagens ou coisa que valha.
Amigos por uns meses que valeram por toda um vida... que desdita, misera vida, mal chegaste e já saiste levando meu coração.
Texto feito para meu amigo C.J. Oliveira com referência ao poema "O avesso da tua nudez".
https://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamizade/6605859