Viste-me
Tu viste de mim
O Céu
A Terra
Viste toda a minha alegria
E também
Toda a profundidade da minha tristeza
Viste o meu sol
Viste a minha noite
Viste a minha claridade
E também a minha escuridão
Viste o lado negro que digo que não tenho
E que se esconde
Nessa negação
Mas que se revela
Quando me pedes para me dirigir á luz
E eu teimoso
Respondo-te que não
Viste a imaginação
Nos dias mais claros
Onde o mundo é um lugar
Que insisto em preencher
De esperança e de fé
Que moram em todos os meus gestos
E as minhas palavras
Mas também viste
Essa imaginação
Nas suas horas mais amargas
Onde o mundo não passa de um lugar
Que não me diz nada
E além de teres visto
Provaste o sabor das minhas lágrimas
Percebendo assim a dimensão do meu olhar
E por isso sabes
Que quando elas sabem a doce
Estás comigo
E quando não o são
É porque
Mesmo presente
Não te consigo encontrar…