Perco poemas
Com alguma frequência
Não perco as ideias
Mas antes a inspiração
Perco poemas
Quando deixa de bater o coração
Ou a sua frequência é menor
Num ritmo tão baixo
Que lhe faltam as forças
Para mover as palavras
Que teimam em nunca desaparecer
Perco poemas
Cada vez que sinto
Que a noite é eterna
Que nunca mais vem o amanhecer
Perco poemas
Não por tristeza
Não por melancolia
Não pela ausência
Perco poemas
Quando fraqueja a alma
Quando o vazio
A teima em subjugar
Perco poemas
Quando o que quero escrever
Sente não ter lugar
Ou não consegue ter forças
Para o arranjar
Por isso
Quando as palavras estão secas
Não vou a um médico
Para o coração me arranjar
Ou a uma Igreja
Para as feridas da alma curar
Vou para um lugar
Aquele espaço invisível
Onde se tocam o espaço
A terra
E o mar
Espaço a que chamo “Imensidão”
Vou para lá
Porque é lá
Onde tudo faz sentido
E o que parece ter terminado
Vai mais uma vez começar
Recupero poemas
Quando pela “Imensidão” me deixo tocar
Recupero poemas
Também
Nos raros momentos
Em que permito
Que os teus olhos
Me possam tocar
Sentindo assim
Totalmente
Tudo o que as minhas palavras
Têm para mostrar…