Perco poemas

Com alguma frequência

Não perco as ideias

Mas antes a inspiração

Perco poemas

Quando deixa de bater o coração

Ou a sua frequência é menor

Num ritmo tão baixo

Que lhe faltam as forças

Para mover as palavras

Que teimam em nunca desaparecer

Perco poemas

Cada vez que sinto

Que a noite é eterna

Que nunca mais vem o amanhecer

Perco poemas

Não por tristeza

Não por melancolia

Não pela ausência

Perco poemas

Quando fraqueja a alma

Quando o vazio

A teima em subjugar

Perco poemas

Quando o que quero escrever

Sente não ter lugar

Ou não consegue ter forças

Para o arranjar

Por isso

Quando as palavras estão secas

Não vou a um médico

Para o coração me arranjar

Ou a uma Igreja

Para as feridas da alma curar

Vou para um lugar

Aquele espaço invisível

Onde se tocam o espaço

A terra

E o mar

Espaço a que chamo “Imensidão”

Vou para lá

Porque é lá

Onde tudo faz sentido

E o que parece ter terminado

Vai mais uma vez começar

Recupero poemas

Quando pela “Imensidão” me deixo tocar

Recupero poemas

Também

Nos raros momentos

Em que permito

Que os teus olhos

Me possam tocar

Sentindo assim

Totalmente

Tudo o que as minhas palavras

Têm para mostrar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 01/02/2019
Código do texto: T6564740
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